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Ressecção Endoscópica da Próstata (RTU de Próstata)

O que é?

A Ressecção Endoscópica da Próstata, comumente conhecida como RTU de Próstata (ou TURP, do inglês Transurethral Resection of the Prostate), é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo considerado o tratamento padrão-ouro para homens com sintomas moderados a graves causados pelo aumento benigno da próstata (Hiperplasia Prostática Benigna - HPB).

Durante a RTU de Próstata, um instrumento chamado ressectoscópio é introduzido através da uretra (o canal urinário dentro do pênis). Este instrumento possui uma alça elétrica que remove o excesso de tecido prostático que está comprimindo a uretra e obstruindo o fluxo urinário. O objetivo é alargar o canal uretral, aliviando os sintomas urinários.

Indicações

A RTU de Próstata é indicada para homens com HPB que apresentam:

  • Sintomas urinários obstrutivos e/ou irritativos moderados a graves que não respondem adequadamente ao tratamento medicamentoso ou quando o paciente prefere uma solução mais definitiva.
  • Retenção urinária aguda (incapacidade de urinar) recorrente ou crônica.
  • Infecções urinárias de repetição devido à má esvaziamento da bexiga.
  • Sangue na urina (hematúria) persistente causado pela HPB.
  • Insuficiência renal ou hidronefrose (dilatação dos rins) devido à obstrução prostática.
  • Cálculos na bexiga formados como consequência da obstrução.

Preparo Pré-Operatório

  • Avaliação Urológica Completa: Inclui histórico médico detalhado, exame físico (incluindo toque retal), questionários de sintomas (como o IPSS), exame de urina (urocultura para descartar infecção), PSA (antígeno prostático específico), e avaliação do tamanho da próstata (geralmente por ultrassonografia).
  • Exames Complementares: Podem incluir fluxometria urinária (para medir a força do jato urinário) e estudo urodinâmico (em casos selecionados para avaliar a função da bexiga).
  • Exames Pré-operatórios Gerais: Exames de sangue (hemograma, coagulograma, função renal), eletrocardiograma e, dependendo da idade e comorbidades, avaliação cardiológica.
  • Jejum: É necessário jejum de aproximadamente 6 a 8 horas antes da cirurgia, conforme orientação médica, pois o procedimento é realizado sob anestesia (geralmente raquianestesia ou anestesia geral).
  • Medicações: Informar ao médico sobre todas as medicações em uso. Anticoagulantes (como aspirina, clopidogrel, varfarina) e alguns anti-inflamatórios precisarão ser suspensos dias ou semanas antes da cirurgia, sob orientação médica, para minimizar o risco de sangramento.
  • Antibióticos Profiláticos: Frequentemente são administrados antes da cirurgia para prevenir infecções.

Orientações Pós-Operatórias

  • Sonda Vesical: Após a cirurgia, o paciente permanecerá com uma sonda vesical (cateter) por alguns dias (geralmente 1 a 3 dias) para drenar a urina e permitir a cicatrização da uretra. A sonda também pode ser usada para irrigação contínua da bexiga nas primeiras horas para prevenir a formação de coágulos.
  • Internação Hospitalar: O tempo de internação varia, mas geralmente é de 1 a 3 dias.
  • Dor e Desconforto: Pode haver algum desconforto na região da bexiga, uretra ou sensação de vontade de urinar devido à sonda. Analgésicos serão administrados para controlar a dor.
  • Sangue na Urina (Hematúria): É normal e esperado ter sangue na urina (de cor rosada a avermelhada) por vários dias ou mesmo algumas semanas após a cirurgia. A intensidade tende a diminuir gradualmente. Beber bastante líquido ajuda a "lavar" a bexiga.
  • Após a Retirada da Sonda:
    • Sintomas Urinários Temporários: Nos primeiros dias ou semanas após a retirada da sonda, é comum sentir urgência para urinar, aumento da frequência urinária, ardência ao urinar e perda involuntária de pequenas quantidades de urina (incontinência de urgência ou esforço leve). Esses sintomas geralmente melhoram progressivamente com o tempo.
    • Fragmentos de Tecido: Pequenos fragmentos de tecido prostático podem ser eliminados na urina por algumas semanas.
  • Hidratação: Beber bastante água (cerca de 2 a 3 litros por dia, salvo contraindicação médica) é fundamental para ajudar na cicatrização, prevenir infecções e coágulos.
  • Repouso e Atividade Física: Evitar esforços físicos intensos, levantar peso (mais de 5-10 kg) e atividades como dirigir por algumas semanas (geralmente 2 a 4 semanas), conforme orientação médica. Caminhadas leves são geralmente permitidas e incentivadas.
  • Alimentação: Manter uma dieta rica em fibras para evitar constipação intestinal, pois o esforço para evacuar pode aumentar o risco de sangramento.
  • Atividade Sexual: A atividade sexual pode ser retomada após cerca de 4 a 6 semanas, ou conforme liberação médica. Uma alteração comum após a RTU de próstata é a ejaculação retrógrada, onde o sêmen vai para a bexiga durante o orgasmo em vez de sair pela uretra. Isso não é prejudicial à saúde e não afeta a sensação do orgasmo, mas resulta em infertilidade.
  • Sinais de Alerta: Contatar o médico imediatamente se apresentar febre alta, calafrios, sangramento urinário intenso (com coágulos grandes ou que não melhora), incapacidade de urinar após a retirada da sonda, ou dor forte que não cede com a medicação.
  • Consulta de Acompanhamento: Consultas de acompanhamento são essenciais para monitorar a recuperação e os resultados do tratamento.

Riscos e Complicações Possíveis

A RTU de Próstata é um procedimento seguro e eficaz, mas como toda cirurgia, possui riscos:

  • Sangramento: Pode ocorrer durante ou após a cirurgia, necessitando, em raros casos, de transfusão sanguínea ou novo procedimento para controlar o sangramento.
  • Infecção Urinária: Risco presente em qualquer procedimento urológico.
  • Síndrome Pós-RTU (Hiponatremia Dilucional): Uma complicação rara, mas grave, causada pela absorção excessiva do fluido de irrigação usado durante a cirurgia. Monitoramento cuidadoso durante o procedimento minimiza esse risco.
  • Ejaculação Retrógrada: É a complicação mais comum e esperada, afetando a maioria dos homens.
  • Disfunção Erétil: O risco de desenvolver problemas de ereção após a RTU é baixo, especialmente com as técnicas modernas, mas pode ocorrer em uma pequena porcentagem de pacientes, principalmente aqueles que já tinham alguma disfunção prévia.
  • Incontinência Urinária: A perda involuntária de urina persistente é rara após a RTU, mas pode ocorrer, geralmente sendo leve e melhorando com o tempo ou com fisioterapia pélvica.
  • Estenose de Uretra ou Colo Vesical: Estreitamento cicatricial da uretra ou da saída da bexiga, que pode ocorrer tardiamente e necessitar de tratamento adicional.
  • Necessidade de Novo Tratamento: Com o tempo, a próstata pode voltar a crescer, e alguns homens podem precisar de um novo tratamento para HPB anos depois.

É fundamental discutir todos os riscos, benefícios e alternativas com o urologista para tomar uma decisão informada sobre o tratamento da HPB.

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